Reportagem do Jornal Cinco De Março nº 582 de 1º à 7 de Maio de 1972.
Existem esforços para melhorar a nossa Polícia, mas os maus
policiais continuam fazendo das suas.
SOLDADO INVADIU A CASA,
QUEBROU NARIZ DA DONA E DESRESPEITOU MENOR
A murros, o soldado Jacob de
Oliveira, da Rádio Patrulha, quebrou o nariz da senhora Valdina Marot, 39 anos,
mãe de 2 meninas pequenas, aplicando-lhe uma surra, após invadir sua casa, na
rua Florença, Quadra 24, Lote 12 na Vila Alvorada, por volta das 22,30 horas do
último dia 24. Desconhecem-se os motivos da agressão.
Segundo relato da vítima, o
soldado Jacob chegou à paisana com outro, também sem farda, no carro da própria
Rádio Patrulha e, juntamente com os soldados que estavam de serviço, entrou na
casa de Dona Valdina. Esta estava no banheiro, diz, e sairá para ver quem era.
Sem explicações, os policiais deixaram a casa logo depois, ficando apenas o
soldado Jacob (identificado com integrante da Rádio Patrulha), com outro, cujo
nome ela ignora.
ATENTADO
“Sem nada entender, conta D. Valdina,
segui os soldados até o portão. Voltando para dentro, encontrei o Jacob no meu
quarto. Já desrespeitando duas amigas, que assistiam à televisão e passando a
mão pelo corpo de uma garota que dormia.
Ela mandou, então que se
retirasse, ao que o soldado respondeu com murros e empurrões, dizendo que era “autoridade”,
mostrando o revólver na cintura.
A seguir o agressor prendeu-a no
banheiro e passou a espancá-la. Por fim, ele largou a mulher que saiu correndo
pelos fundos para chamar a polícia. Foi quando avistou um carro na Av. dos
Alpes, na Vila União, onde seu agressor já estava conversando como os
policiais. Foi intimada, juntamente com sua amiga Sônia, a dirigir-se no mesmo
carro, à Rádio Patrulha, sendo acompanhada pelo agressor Jacob.
RÁDIO PATRULHA E PRONTO SOCORRO
Na Rádio Patrulha, Valdina diz
que chegou toda ensanguentada. Sua presença naquela delegacia foi alvo de risos
e chacotas por parte de alguns policiais, conforme contou a vítima.
Ela foi atendida à 1:30h, já do
dia seguinte, no Pronto Socorro. Seu nariz estava com “ferida suturada e
fratura”. Segundo o laudo médico.
Do PS foi levada de volta à sua
casa, começando aí o problema financeiro, pois viu-se obrigada a gastar o que
tinha, para poder comprar os remédios e fazer curativos que ainda hoje
continuam no Hospital Geral.
NO ALTO COMANDO
Dona Valdina, aconselhada por pessoas amigas foi queixar-se diretamente ao Comando da Polícia Militar do Estado de Goiás, que determinou o cumprimento das medidas necessárias através de uma carta ao chefe da Rádio Patrulha que ela mesmo levou.
Naquele departamento policial, foi avisada de que providências já estavam sendo tomada e que um tenente ia aparecer em sua casa, depois para fazer o levantamento dos fatos, isso no dia 28. Mas até sábado de manhã, ninguém havia aparecido. E ela está apreensiva, pois teme que o agressor estando solto, possa espanca-la de novo ou até matá-la, já que ela denunciou ao Alto Comando.