sexta-feira, 29 de setembro de 2023
UM HEROÍ DA VILA ALVORADA
quinta-feira, 13 de julho de 2023
12/09/1971 BAILES NA IGREJA DA VILA UNIÃO
PADRE PROMOVE BAILE PARA CONSTRUIR IGREJA
Reportagem do jornal Correio Brasiliense de domingo 12/09/1971, edição de nº 3.606 na página 39.
Goiânia (Sucursal) – “Ou se faz
uma casa com o nome de Deus, ou com o nome do diabo. Os dois nomes numa mesma
casa é que não está certo” – declarou o comerciante Hugo Gonçalves sobre as
promoções dançantes que o Padre Alberto Siqueira, da Igreja Nossa Senhora
Rainha da Paz, da Vila União, vem promovendo para angariar fundos a fim de
construir a igreja local. “Se os bailes fossem fora da igreja – prossegue
dizendo – estava certo, mas dentro da igreja não está direito, é um
sacrilégio”.
Enquanto isso, referindo-se ao
problema dos bailes organizados no Salão Paroquial da Vila União, dona
Nicéphora Nogueira de Rezende, também comerciante naquela vila declarou: “A
aranha vive do que tece. Se o Padre Alberto saísse de casa em casa pedindo um
cruzeiro a cada morador da vila, ninguém daria. Ele faz muito bem em promover
os bailes, pois só assim conseguirá fundos para a construção de nossa igreja”.
OPINIÕES DIVIDIDAS
Entre os moradores da Vila União,
as opiniões se dividem sobre os bailes realizados, aos sábados e domingos, no
Salão Paroquial, promovidos pelo Clube Social e Educativo, que conta com 220
associados.
Os bailes, naquele salão onde são
também celebradas as missas, reúne a quase totalidade dos moradores jovens da
Vila União, sendo que os sócios quites não pagam ingressos, bem como as
senhoras e senhoritas que entram por uma porta especial. Os não sócios pagam um
ingresso de Cr$ 5,00 e os bailes são animados pelos conjuntos “Embalo 7 “ e
“L-C-5”, considerados os mais moderninhos. Também o “Som Livre” tem contrato
para bailes naquele Salão.
Segundo os moradores de Vila
União, os bailes começam sempre às 21 horas, logo após a missa, quando o salão
sofre uma metamorfose praticada pelos próprios cristãos, que tão logo termina a
missa, arrastam os bancos para os lados do salão, tiram o altar para que o
palco, onde o mesmo estava colocado, seja ocupado pelo conjunto musical. As
danças aos sábados e domingos, vão até as duas horas da madrugada e os bailes,
segundo informaram, conta com a vigilância e comissários de Menores e uma
guarnição da Rádio Patrulha.
O comerciante Nelson Barbosa de
Araújo, ouvido pelo repórter, declarou-se “contra os bailes, pois a semana
passada o Padre agrediu um menor que ele havia expulsado do baile”. Contrários
também são os comerciantes Diomério Gonçalves, Antônio Carlos de Oliveira, ao
passo que os senhores Anailson Frazão dos Reis, Zoroastro Barreira Lustosa e Eurípedes
Ribeiro de Souza, também estabelecidos com casas comerciais nas proximidades do
Salão Paroquial, são favoráveis aos bailes.
Padre Alberto
O Padre Alberto Siqueira, Pároco
da Igreja de Nossa Senhora Rainha da Paz, em Vila União, é um homem simpático
de 33 anos de idade, palavra fluente e, está naquela Paróquia deste maio de
1969. É sacerdote há cinco anos, mas esta é a primeira vez que dirige, como
Vigário, uma Paróquia, apesar de já haver prestado serviços religiosos, como
auxiliar em outras igrejas.
Foi encontrado pelo repórter
celebrando a missa das 19 horas, na qual dez senhoras e dois homens comungaram.
Ao final da celebração, enquanto Padre Alberto Siqueira dirigia-se a uma sala
nos fundos, que faz as vezes de Sacristia, trocava a sua indumentária, os
mesmos participantes da Missa arrastavam os bancos para um canto do salão
paroquial, retiravam a mesa que servira como altar e colocavam, em fileiras as
carteiras escolares, que em seguida foram cercadas por um rombo de Duratex,
transformando-se numa em que a mesa do professor era exatamente antes fora o
altar da missa.
No canto da Paróquia – disse o
Padre Alberto Siqueira – um ponto geral a promoção de toda a comunidade. As não
somente angariar fundos para a construção da igreja, mas principalmente a
integração dos membros na comunidade. Visando isso é que criamos o Clube Social
e Educativo da Vila União.
Padre Alberto, este salão
Paroquial é onde se realizam os bailes.
O salão serve para tudo –
esclareceu – aqui de secretaria, na sexta-feira de manhã, funciona o curso de
corte costura e bordado, dirigido pela professora Zilda Silva, organizado pelas
voluntarias de Goiânia, que conta com muitas alunas. Agora à noite, funciona
aquela sala (apontou a obra que acabavam de fazer) do Primeiro Científico do
Colégio Pedro Gomes, e uma sala de alfabetização. O Científico tem 23 alunos e
a alfabetização 20 pessoas. Pela manhã, temos também um jardim de infância. Mas
o Salão Paroquial, é por nós usado deste as reuniões litúrgicas até as sociais
que aqui são realizadas. Existentes e o mais apropriado para tais fins. Para o
Padre fazer baile na igreja.
Pode afirmar que fazemos bailes na igreja? Vila União ainda não tem, em realidade, a sua igreja. Ela será construída aqui do lado, onde os alicerces já estão prontos. O mais certo seria dizer-se que rezamos missa no salão paroquial e não que realizamos bailes dentro da igreja, informou o padre, em 1969, quando ainda não existia nem mesmo esse salão, eu rezava as missas nas residências dos moradores aqui da Vila União e, cheguei mesmo, uma vez, a rezar missa no Bar Lanche União, aqui em frente. O importante é que se consiga construir a Igreja de Nossa Senhora Rainha da Paz, e isso vamos fazer, com bailes ou sem eles.
quinta-feira, 15 de junho de 2023
01/05/1972 AGRESSÃO À DINA
Reportagem do Jornal Cinco De Março nº 582 de 1º à 7 de Maio de 1972.
Existem esforços para melhorar a nossa Polícia, mas os maus
policiais continuam fazendo das suas.
SOLDADO INVADIU A CASA,
QUEBROU NARIZ DA DONA E DESRESPEITOU MENOR
A murros, o soldado Jacob de
Oliveira, da Rádio Patrulha, quebrou o nariz da senhora Valdina Marot, 39 anos,
mãe de 2 meninas pequenas, aplicando-lhe uma surra, após invadir sua casa, na
rua Florença, Quadra 24, Lote 12 na Vila Alvorada, por volta das 22,30 horas do
último dia 24. Desconhecem-se os motivos da agressão.
Segundo relato da vítima, o
soldado Jacob chegou à paisana com outro, também sem farda, no carro da própria
Rádio Patrulha e, juntamente com os soldados que estavam de serviço, entrou na
casa de Dona Valdina. Esta estava no banheiro, diz, e sairá para ver quem era.
Sem explicações, os policiais deixaram a casa logo depois, ficando apenas o
soldado Jacob (identificado com integrante da Rádio Patrulha), com outro, cujo
nome ela ignora.
ATENTADO
“Sem nada entender, conta D. Valdina,
segui os soldados até o portão. Voltando para dentro, encontrei o Jacob no meu
quarto. Já desrespeitando duas amigas, que assistiam à televisão e passando a
mão pelo corpo de uma garota que dormia.
Ela mandou, então que se
retirasse, ao que o soldado respondeu com murros e empurrões, dizendo que era “autoridade”,
mostrando o revólver na cintura.
A seguir o agressor prendeu-a no
banheiro e passou a espancá-la. Por fim, ele largou a mulher que saiu correndo
pelos fundos para chamar a polícia. Foi quando avistou um carro na Av. dos
Alpes, na Vila União, onde seu agressor já estava conversando como os
policiais. Foi intimada, juntamente com sua amiga Sônia, a dirigir-se no mesmo
carro, à Rádio Patrulha, sendo acompanhada pelo agressor Jacob.
RÁDIO PATRULHA E PRONTO SOCORRO
Na Rádio Patrulha, Valdina diz
que chegou toda ensanguentada. Sua presença naquela delegacia foi alvo de risos
e chacotas por parte de alguns policiais, conforme contou a vítima.
Ela foi atendida à 1:30h, já do
dia seguinte, no Pronto Socorro. Seu nariz estava com “ferida suturada e
fratura”. Segundo o laudo médico.
Do PS foi levada de volta à sua
casa, começando aí o problema financeiro, pois viu-se obrigada a gastar o que
tinha, para poder comprar os remédios e fazer curativos que ainda hoje
continuam no Hospital Geral.
NO ALTO COMANDO
Dona Valdina, aconselhada por pessoas amigas foi queixar-se diretamente ao Comando da Polícia Militar do Estado de Goiás, que determinou o cumprimento das medidas necessárias através de uma carta ao chefe da Rádio Patrulha que ela mesmo levou.
Naquele departamento policial, foi avisada de que providências já estavam sendo tomada e que um tenente ia aparecer em sua casa, depois para fazer o levantamento dos fatos, isso no dia 28. Mas até sábado de manhã, ninguém havia aparecido. E ela está apreensiva, pois teme que o agressor estando solto, possa espanca-la de novo ou até matá-la, já que ela denunciou ao Alto Comando.
quarta-feira, 7 de junho de 2023
13/12/1968 ESCOLHIDO O NOME DE VILA ALVORADA
terça-feira, 6 de junho de 2023
24/10/1969 CONVÊNIO DO GOVERNO FEDERAL COM A PREFEITURA DE GOIÂNIA PARA CONSTRUÇÃO DO GRUPO ESCOLAR NA VILA ALVORADA
TERMO DE CONVÊNIO QUE CELEBRAM O GOVERNO FEDERAL E A PREFEITURA DE GOIÂNIA - ESTADO DE GOIÁS PARA APLICAÇÃO DE RECURSOS FEDERAIS CONSIGNADOS NO ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO PARA 1969.
Aos 24/10/1969 em Brasília, o Governo Federal representado pelo Ministro de Estado da Educação e Culura, excelentíssimo senhor DOUTOR TARSO DUTRA E A PREFEITURA MUNICIPAL DE GOIÂNIA ESTADO DE GOIÁS, representado pelo excelentíssimo senhor LEONINO DI RAMOS CAIADO - PREFEITO MUNICIPAL. Acordam pelo presente termo de convênio cônscios da necessidade de atingir as metas do Plano nacional da Educação e de elaborar planos de educação articulados com aquele, estabelecer as condições para aplicação de recursos correspondentes ao auxílio pecuniário da União para expansão e aperfeiçoamento progressivo da Rede Nacional de Ensino Primário, através de convênios diretor com Prefeituras Municipais e excepcionalmente, com entidades do ensino primário gratuito.
De acordo com os critérios fixados pela Portaria Ministerial nº 61 de 24/01/1968, destina recursos orçamentários para construção de 10 escolas primárias com 4 salas de aulas, entre essas uma unidade na Vila Alvorada em Goiânia.
quinta-feira, 1 de junho de 2023
08/05/1972 - PROSTÍBULOS INVADEM OS NÚCLEOS DO B.N.H
FAMÍLIAS EM PÂNICO: MOÇAS VIRGENS VALEM MAIS NA TABELA.
Elas são bem protegidas. Manobram pauzinhos, amigas de políticos influentes. São as cafetinas. Estão instaladas nos principais núcleos do BNH e chegam ao cúmulo de negociar virgindades a preços que variam de 800 a 5 mil cruzeiros. As autoridades fazem olhos cegos e ouvidos moucos. É a eterna história. Pressionadas no centro da capital, agora elas buscam os conjuntos do Banco Nacional de Habitação. Nem só elas. Também os endinheirados, que negociam "direitos" de casas para elas alojar suas amantes.
Reportagem de Waldomiro Santos.
A invasão é branca pacífica. E, ao que parece, consentida. Aos poucos, os conjuntos do BNH, notadamente da COHAB, estão se transformando nos maiores focos de prostituição da cidade, às claras ou às escuras, graças ao volume e as facilidades das transações com que as casas são vendidas sob o olhar complacente das financeiras.
O "direito" de um imóvel em Vila Alvorada, por exemplo, é comprado, em média, por três mil cruzeiros. Disso se aproveitam os velhinhos endinheirados que adquirem os imóveis dos operários para ali alojarem suas amásias.
E a coisa está de tal maneira - afirma uma comissão de moradores a esse jornal - que as famílias residentes de moradores no conjunto já estão em pânico. As Vilas do BNH são hoje na maioria, os maiores redutos de prostíbulos e rendez-vous".
UM EXEMPLO
"Valdina Marot, mais conhecida por "Dina", mora na Rua Florença, Quadra 24, Lote 12, em Vila Alvorada. É conhecida como a maior cafetina de menores em todo o Setor Sudoeste da cidade. Ela mesma se vangloriza dizendo que não há mulher, seja de que idade for, em sua zona de ação, que ela não possa aliciar para aventurar amorosas, contato que seja bem paga "pelo trabalho".
A denúncia foi feita na redação do Cinco de Março por cinco vizinhos da casa da Valdina, "um dos mais prosperas rendez-vous de Vila Alvorada, e que, gradativamente, está se transformando no mais barulhento bordel da região" segundo nos declararam.
ALICIADORA
A comissão acentuou que "Dina" é perita em aliciar menores de famílias pobres para o seu nefando comércio. "Fornecendo as pobres infelizes por preços altos, a clientes ricos que frequentam a sua casa".
Contam:
"Raro é o dia em que ali não aportam caçadores de aventuras, já com encontro previamente marcado por Valdina, ricaços motorizados que desrespeitam na famílias, expostas ao vexame de ver suas filhas constantemente abordadas, ora pelos caçadores de aventuras, ora pela própria cafetina".
Os reclamantes encarecem por intermédio deste jornal, uma providência do Juizado de Menores no sentido de que fiscalize o lupanar e a ação de aliciadora, acentuando que Valdina mantém consigo inclusive, duas filhas, uma de 10 e outra de 8 anos, menores que assistem a todas as peripécias que ali ocorrem.
DE MUITO PRESTÍGIO
"Valdina tem prestígio - assinalaram os moradores de Vila Alvorada. Nada menos de três abaixo assinados com dezenas de assinaturas, já foram endereçados as autoridades pedindo a remoção do rendez-vous, sem qualquer resultado. A mulherzinha tem força mesmo".
Exemplificando narram: "No início da penúltima semana, chamados a agir por famílias moradoras na vizinhança, elementos da rádio patrulha foram desacatados severamente pela cafetina. Um dos soldados da guarnição, perdendo a cabeça ante as invectivas da mulher, deu lhe uns trancos que lhe resultou a fratura do nariz. Imediatamente. Valdina aprontou o maior escarcéu. Em sua casa na hora, estavam algumas mulheres ali fazendo ponto e que também levaram a pior no sururu. Resultado: um dos soldados esta agora seriamente enrascado no episódio, em processo movido por ela, embora a guarnição da Rádio Patrulha tenha feito valer apenas sua autoridade e embora, também a ação dos guardas tenha sido elogiada por toda vila. pois já era uma providência que faltava", acentuaram.
PROVIDENCIA COM O BNH
Os queixosos terminam suas declarações ao Cinco de Março com uma advertência:
"O dr. Rubens Zupelli - dirigente da COHAB precisa alertar-se. Os núcleos habitacionais da COHAB estão sendo transformados em reduto de prostíbulos. Não é só na Vila Alvorada. Em inúmeras unidades da COHAB principalmente durante a noite, em virtude da grande afluência de mariposas e desocupados do ruído de motocicletas e carros de luxo, o ambiente é de pandemônio, com elementos embriagados promovendo correrias desenfreadas e desrespeitando a população, na maioria operários que apenas querem sossego para repousar. Somente na Vilas Alvoradas e União - acentuaram - existem seis rendez-vous sem contar os que funcionam mais ou menos discretamente e as dezenas de casa suspeitas de manteúdas de ricaços.
Reportagem retirada do Jornal Cinco de Março de nº 583 de 08 de maio à 14 de maio de 1972, página 10.